Reações Orgânicas Diante do Perigo


ISSO É UM ASSALTO

Notícias: Janaúba - Assalto à residência: Você foi ao restaurante com sua esposa para jantar. Após aquela agradável e deliciosa refeição você vai para o seu carro que ficou estacionado na rua. Quando você põe a chave na fechadura da porta três homens o cercam dizendo: “Isso é um assalto”. O que ocorre com o seu organismo daí para frente? Cremos que, em parte, você já sabe.

 

REAÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS

Suponha que esse fato seja verdadeiro, o seu organismo seria submetido a alterações físicas capazes de prepará-lo para um esforço adicionado e resistência aos possíveis danos. Descreveremos em resumo, o que ocorrerá ao passar do estado de tranqüilidade para a tensão generalizada.

Antes de a célebre frase:” Isso é um assalto” o seu organismo trabalha sob a direção do seu sistema nervoso simpático. O cérebro funciona em ritmo moderado de estímulo. É possível que após o gostoso  jantar você se sinta um pouco sonolento porque uma parte do seu sangue, destinado ao cérebro e músculos, é desviado para o processo digestivo. Você respira tranqüilamente. O seu coração pulsa lenta e regularmente. A pele apresenta-se quente e seca.

Depois da frase ameaçadora o seu corpo muda radicalmente. Entra em estado de alerta e passa a mobilizar recursos. O sistema simpático assume abruptamente o comando. A digestão é interrompida. O sangue redireciona-se para os seus músculos e cérebro. Os músculos se contraem. O cérebro entra em estado de vigília. A sua respiração se torna profunda. A pressão sangüínea se eleva. O seu coração bate mais rápido. Devido a contração dos vasos sangüíneos periféricos, sua pele se torna mais fria e pegajosa. O açúcar é lançado no sangue pelo fígado. As gorduras também são mobilizadas como combustível. Na circulação sangüínea eleva-se o número de glóbulos vermelhos. Os glóbulos brancos responsáveis em combater as infecções também aumentam. O seu baço os lançam na corrente sangüínea. Há um considerável aumento no número de plaquetas para proporcionar ao sangue melhor capacidade de coagulação.

Esse conjunto de reações orgânicas foi denominado pelo Dr. Walter B. Cannon, fisiologista americano, de “Lutar ou Fugir”.

A ciência diz que tais alterações estão associadas a experiências emocionais básicas como dor, medo, ira, etc. As alterações físicas descritas no caso acima são remanescentes de um passado distante. Naquela época o homem primitivo via-se obrigado a um confronto diário com os animais da selva. Era exigido que lutasse ou fugisse para sobreviver.

 

SUPRA-RENAIS E EMOÇÕES

O estudo das glândulas supra-renais é importante para que possamos compreender a estreita inter-relação entre emoções o organismo físico.

Organos internos y emociones: Las suprarenales: SUPRA-RENAL: DESCOBERTA

As glândulas supra-renais foram descobertas pelo fisiologista italiano Bartolomeo Eustachi em 1563. A função dessa estrutura permaneceu desconhecida por vários séculos. Em 1716, a Academia de Ciências da França ofereceu um prêmio para quem explicasse o seu funcionamento. Somente por volta de 1900 descobriu-se as suas funções. Dr. George Oliver e Sir Edward Sharpey-Schafer, pesquisadores  britânicos, conseguiram um extrato da medula da glândula. Verificaram que essa substância era capaz de acelerar o coração e aumentar a pressão arterial. Algum tempo depois, o Dr. John J. Abel, da Universidade John Hopkins, isolou a substância ativa. Esta foi denominada de adrenalina.

SUPRA-RENAL: ANATOMIA

Já estudamos as glândulas, entretanto não é demais repetir. As supra-renais são duas pequenas glândulas endócrinas triangulares localizadas acima dos rins. Cada uma delas pode ser dividida em duas partes distintas: o córtex supra-renal externa  a medula supra- renal interna.

CÓRTEX SUPRA-RENAL – Esta parte da glândula produz um conjunto de hormônios chamados de hormônios corticosteróides. Estes têm várias funções e efeitos no organismo. O córtex é formado por três camadas. A camada mais externa secreta o hormônio aldosterona. Esse reduz a quantidade de sódio excretada pela urina e ajuda a manter o volume de sangue e a pressão sangüínea. A camada intermediária e interna secretam os hormônios hidrocortisona ou cortisol-corticosterona e pequenas quantidades de hormônios androgênicos. Esses estimulam o desenvolvimento das características sexuais masculinas. A hidrocortisona é o mais importante pois controla o uso das gorduras, proteínas e carboidratos pelo organismo. A produção dos hormônios do córtex da supra-renal é dirigida por outros hormônios produzidos no hipotálamo e na glândula pituitária. A taxa de secreção de hidrocortisona é controlada  pela liberação de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico, o sufixo “trófico” significa “ação sobre”). O ACTH é produzido pela glândula pituitária, e, normalmente, varia em um ciclo de 24 horas. É mínima à meia-noite e máxima por volta das 6 horas da manhã e vai declinando no decorrer do dia. As emoções, o estresse e lesões são poderosos estimulantes na liberação do ACTH e hidrocortisona.

MEDULA SUPRA-RENAL – A medula supra-renal faz parte do Sistema Nervoso Simpático. Este integra o SNA – Sistema Nervoso Autônomo que é a primeira linha de defesa contra os desgastes emocionais. A medula supra-renal está intimamente ligada às células nervosas. Secreta os hormônios adrenalina e noradrenalina em resposta ao estímulo dos nervos simpáticos. Esses nervos são mais ativos durante o estado de estresse. A liberação desses hormônios na circulação gera efeitos semelhantes à estimulação dos nervos simpáticos. A freqüência cardíaca e também a força de contração do músculo cardíaco aumentam e as vias aéreas dos pulmões se dilatam para facilitar a respiração. Os hormônios obrigam os vasos sangüíneos dos intestinos, rins e fígado se contraírem e dilatam os vasos dos músculos esqueléticos. Desse modo, mais sangue é enviado para os músculos ativos e menos para os órgãos.

 

EXPERIÊNCIA INTERESSANTE

Dr. G. W. Thorn, da Escola Médica de Harvard, EUA supervisionou uma pesquisa referente ao problema das tensões. Aplicaram-se testes psicológicos aos participantes de uma equipe de remo durante os treinos, antes e depois da disputa entre Harvard e Yale. Dr. Thorn e seus colegas pensavam que o enorme esforço físico imposto ao remadores durante os treinos induzisse tensões fortes. Entretanto, a reação relativa aos níveis dos corticosteróides não se apresentou tão significativa quanto se esperava. Mas, na manhã anterior à corrida os respectivos níveis de corticoteróides começaram a subir. Isso era sinal de que os componentes emocionais como a tensão e a expectativa têm forte influência sobre as secreções. Essa influência é comparável à decorrente de esforço físico. Por motivo das emoções durante a corrida, as substâncias atingiam limites extremos produzindo nos integrantes da equipe um total esgotamento após o término da competição. Por incrível que pareça, até mesmo o treinador, que apenas assistiu a disputa, atingiu níveis de tensões semelhantes aos dos atletas.

 

TENSÕES DO DIA-A-DIA

Os estudos comprovaram que quase todas as tensões são capazes de induzir a produção de adrenalina. Vários pesquisadores estudaram meticulosamente as seguintes condições tensionadoras: cansaço, medo, pressão psicológica e viagens aéreas. Apresentaremos um resumo das observações.

CANSAÇO – A deficiência de sono pode gerar um significativo aumento da tensão emocional gerando uma elevação da adrenalina. Fizeram uma experiência na qual os participantes ficaram privados de uma noite de sono. Isso foi o suficiente para a elevação do nível da secreção. Quando esses mesmos voluntários  tentaram executar as mesmas tarefas rotineiras do laboratório, após a noite sem dormir, a adrenalina mostrou-se mais elevada.

MEDO – Uma menina de quatro anos de idade, precisa extrair alguns dentes-de-leite. Em visita anterior ao médico teve uma experiência desagradável ao tomar a anestesia para levar alguns pontos na testa em virtude de um corte. No consultório do dentista, a criança gritava e se debatia recusando-se a sentar na cadeira. O dentista teve de recorrer a aplicação de um sedativo para acalmá-la e poder fazer a extração. Após dez minutos da intervenção a criança teve uma crise cardíaca e foi levada às pressas para o hospital. Dois dias depois faleceu. O médico legista descobriu que a parada cardíaca deveu-se ao excesso de adrenalina lançada na corrente sangüínea devido ao medo, ao pavor.

PRESSÃO PSICOLÓGICA – Os pesquisadores M. Frankenhaeser e S. Kareby fizeram a seguinte experiência. Distribuíram uma série de tarefas a um grupo de voluntários. Eles deveriam executá-las repetidamente. Os dois pesquisadores, no entanto, puseram-se a criticar os voluntários pressionando-os sem motivo. Essa atitude fazia parte da experiência sem que os voluntários soubessem. A adrenalina liberada pelos voluntários irritados e frustrados subiu vertiginosamente.

Dr. Lennart Levi, do Caroline Institute de Estocolmo procedeu a seguinte experiência: a um grupo de voluntários deu-lhe a tarefa de separar duas mil bolas de aço com dimensões reduzidas entre elas. Era um trabalho tedioso. Além disso estavam submetidos a grande barulho, luz intensa, prazo reduzido e críticas constantes. Os testes demonstraram que o nível de adrenalina se elevou consideravelmente, até mesmo naqueles que manifestavam grande tolerância às tensões.

VIAGENS AÉREAS – Os pesquisadores comprovaram o significativo aumento da taxa de adrenalina nos passageiros de um vôo aéreo militar. O mesmo ocorria com pilotos de aeronaves quando submetidos a situações de emergência no interior de um simulador de vôo.

Extrato da lição do Curso de Anatomia Para Terapeuta. Mais info, clique aqui.

 

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