Espírito, Alma e Mente: O Que São


O termo “mente” provém do latim “mens, mentis”, significando “entendimento”. As definições encontradas nos diversos compêndios são muito abrangentes e insatisfatórias. No dicionário do Aurélio encontramos “mente” como sinônimo de Alma, Espírito. No nível genérico ou popular é até aceitável, todavia quando buscamos elucidar e compreender a palavra e o conceito por detrás dela, é necessário ir mais longe.

EspíO Sagrado... A RESPIRAÇÃO: A respiração é a ponte que liga a vida à consciência, que une o seu corpo para seus pensamentos. Sempre que sua mente torna-se dispersa, use sua respiração como os meios para tomar posse de sua mente novamente. Thich Nhat Hanh: rito, Alma e Mente são manifestações cósmicas completamente diferentes. Cada uma delas possui características próprias. Seria o mesmo que afirmar serem todos os calçados sapatos. Ora, chinelos, sandálias, alpargatas, tênis, botas e botinas também são calçados. Além do mais, temos calçados de couro, de plástico, de fibra sintética, etc. Há inúmeros modelos e cores de sapatos, tênis, etc. Por esta analogia aclaramos a urgente necessidade de sermos precisos na afirmação e profundos na análise.

É preciso compreender o funcionalismo da estrutura humana. Existem sete tipos de energias circulantes pelo organismo do homem:

Primeira: energia mecânica, física;

Segunda: energia vital, etérica;

Terceira: energia psíquica;

Quarta: ENERGIA MENTAL;

Quinta: energia volitiva;

Sexta: energia conscientiva;

Sétima: energia átmica.

A ENERGIA MENTAL não se encontra apenas em nosso cérebro. Ela está vibrando em cada célula do nosso corpo.

Cada energia destas pode ser desdobrada em vários subtipos, com multiplicidades de manifestações.

A energia mecânica humana é responsável por toda a mobilidade do organismo, desde o pulsar do coração até o movimento de andar, levantar pesos, correr, enfim, todo e qualquer ato cinesiológico. Os anatomistas e fisiologistas bem sabem da complexidade desta energia.

A ENERGIA MENTAL humana é responsável por todos os pensamentos, idéias, conjecturas, lógicas, inferências, raciocínios, conceitos, teorias, teses, suposições e hipóteses, teses e antíteses. Nas lições 23, 27 e 29 retornaremos ao tema dos tipos de energias.

Swami Sivananda, médico, filósofo e mestre hindu, em sua maravilhosa obra, intitulada CONCENTRAÇÃO E MEDITAÇÃO, assevera, com muita propriedade , o seguinte:

“A mente é comparada com o azougue (enxofre) porque suas irradiações estão espalhadas por vários objetos. É comparada com um macaco, porque salta de um tema para outro. É comparada com o vento, porque ele é chanchala. Ela é comparada com um furioso elefante no cio, por causa de sua impetuosidade apaixonada”.

Segundo o Dr. Samael Aun Weor, a mente também é matéria. Vejamos o que ele nos diz:

“Mente há em toda parte. Os sete cosmos, o mundo, as luas, os sóis, nada mais são do que substância mental cristalizada ou condensada.

“Mente também é matéria, ainda que bem rarificada. Substância mental existe nos reinos mineral, vegetal, animal e humano. A única diferença que existe entre o animal intelectual e a besta irracional é isso que se chama intelecto. O bípede humano deu à mente forma intelectual. O mundo nada mais é do que uma forma mental ilusória que se dissolverá inevitavelmente no fim deste grande dia cósmico.

“Minha pessoa, teu corpo, meus amigos, as coisas, minha família… são, no fundo, isso que os hindus chamam de MAYA ou ilusão. Vãs formas mentais que, cedo ou tarde, deverão ser reduzidas a poeira cósmica.

“O dualismo intelectual, tal como prazer e dor, elogios e ofensas, triunfo e derrota, riqueza e miséria, constitui o doloroso mecanismo da mente. Não pode haver verdadeira felicidade dentro de nós enquanto sejamos escravos da mente.

“Ninguém pode conhecer a verdade enquanto seja escravo da mente. O Real não é questão de suposições, mas de experiência direta.

“Quando nos libertamos da mente, ela se converte em um veículo dúctil, elástico, útil, mediante o qual nos expressamos neste mundo de maneira consciente. A lógica superior convida-nos a pensar que libertar-se , safar-se de toda mecanicidade, emancipar-se da mente, equivale a despertar a consciência e a terminar com o automatismo”.

Reflita , querido leitor, a respeito do conteúdo exposto pelo Dr. Samael.

 

BATALHAR DOS OPOSTOS

Ao utilizar a lógica comum, formal, qualquer pessoa está em condições de demonstrar os prós e contras de uma questão. Dois pensadoreInto the unknown: Two scientists have sent each other a message simply by using the power ...: s, em oposição entre si, podem esgrimir-se utilizando os melhores argumentos lógicos com refinada inteligência. O juiz ou um observador externo, ao ouvir os convincentes argumentos de um e de outro, até poderá julgar que ambos têm razão, apesar de defenderem idéias opostas. Em contraposição, a LÓGICA OBJETIVA, SUPERIOR, sempre demonstrará o REAL, a VERDADE, o definitivo, visto que está além do raciocínio estéril. Vejamos como a lógica subjetiva, formal, é falha. Leia com bastante atenção a seguinte estória.

Conta a lenda que havia um grande filósofo sofista da antiga Grécia, chamado Protágoras, querendo demonstrar a eficiência de seus ensinamentos. Tinha por norma que os seus discípulos pagassem metade de seus honorários ao se inscreverem em sua Escola, e outra metade depois de concluirem os estudos, quando ganhassem a sua primeira causa.

Havia entre seus estudantes um que se chamava Euathlus. Quando este concluiu seus estudos, não se preocupou em buscar causas para que pudesse ganhá-las, desta forma, pagar a segunda metade devida ao seu Mestre. Este discípulo dizia que preferia convencer às donzelas do que aos juízes, e também porque, não tendo ganho nenhuma disputa, era ilícito pagar a Protágoras.

Certa vez o Mestre, cansado de esperar, disse a Euathlus: – Você está equivocado. Ou você salda a sua dívida ou eu o levo aos tribunais, porque se os juízes forem a meu favor, ganharei a causa e você terá que me pagar. Se os juízes forem a seu favor, você ganhará sua primeira causa e terá que me pagar. De maneira que receberei meus honorários de qualquer forma.

Respondeu Euatlhus: – Você é que está equivocado, porque se me levar aos tribunais e os juízes derem ganho de causa a seu favor, você não terá o direito de cobrar, visto que perco a primeira causa. Se eles falarem a meu favor também não pagarei, por eles assim o ordenarem. Desta forma você não pode me cobrar de nenhuma maneira.

Reflita, prezado leitor, sobre esta situação exposta pelo conto. Não há solução, dentro da lógica formal, para a questão. Se você tivesse que resolver um caso semelhante, o que faria?

 

ALÉM DA LÓGICA FORMAL

Os estudantes espiritualistas que não buscam praticar os ensinamentos ministrados terminam por abarrotar a mente com tantas teorias labirínticas, desembocando num mar de angústia e insatisfação interior. Sofrem terrivelmente por não poderem concretizar nada do que leram. Infelizmente, muitos esoteristas teóricos caem no orgulho, na arrogância ou prepotência por terem acumulado vastíssimo material teórico. Não se dão conta de que nada sabem sobre o REAL. A lógica formal ou o processo de raciocínio, praticado de forma abusiva, rompe as delicadas membranas das estruturas mentais. O pensamento deve fluir integralmente, na ausência do sofrido processo lógico subjetivo. Devemos transformar o PENSAR no DISCERNIR.

O DISCERNIMENTO é a percepção direta da verdade, é a compreensão sem a necessidade do raciocínio. Devemos mudar o processo do raciocínio pela beleza da COMPREENSÃO. É urgente libertar a mente de todas as classes de preconceitos, desejos, apegos, temores, ódios, ressentimentos, etc. Todos esses defeitos são obstáculos que acorrentam a mente aos sentidos externos. Tais imperfeiçðes convertem a mente em um instrumento inútil para o ÍNTIMO, o REAL e VERDADEIRO SER. O corpo mental da raça humana encontra-se em franco processo de decadência. Visto clarividentemente, a sua fisionomia é múltipla, assemelhando-se a formas animalóides.

No Zen Budismo encontramos vastíssimo material, além de toda lógica formal. Através da Meditação Zen o monge busca apaziguar a mente e alcançar a ILUMINAÇÃO. Certa vez um homem sábio afirmou: BUSCAI A ILUMINAÇÃO QUE TUDO O MAIS LHE SERÁ DADO POR ACRÉSCIMO.

O pior inimigo da iluminação é o EU PSICOLÓGICO. É necessário saber que o EU é um nó no fluir da existência, uma obstrução fatal na corrente diáfana da vida livre em seu movimento.

Certa vez perguntou-se a um Mestre Zen: QUAL É O CAMINHO? Então o sábio respondeu: – QUE MAGNÍFICA MONTANHA!-, referindo-se à montanha onde o retiro se localizava.

“Não pergunto a respeito da montanha, mas sim sobre o caminho”, replicou o indagador.

“Se não podes ir além da montanha, não poderás encontrar o caminho” – disse-lhe o Mestre.

A enigmática resposta contém preciosos ensinamentos, uma sabedoria velada. Fala justamente da INICIAÇÃO e do trabalho a ser realizado para se atingir a maestria, entretanto o discípulo não alcançou compreender.

Outro monge formulou a mesma pergunta ao mesmo mestre e este retrucou:

Lá está, justo diante de teus olhos!

– Por que não posso vê-lo?

– Porque tens idéias egoístas, respondeu o mestre.

– Poderei vê-lo, senhor? Questiona o monge.

– Enquanto tenhas uma visão dualista e digas “eu não posso” e assim por diante, teus olhos estarão obscurecidos por esta visão relativa.

– Quando não houver nem o meu nem o teu, assim poderei ver?

– Quando não houver nem o meu nem o teu, quem quererá ver?

A base fundamental do EU é o dualismo da mente. Os agregados psicológicos se mantêm graças ao batalhar dos opostos. Os problemas da vida não passam de formas mentais de dois pólos: o positivo e o negativo, o sim e o não. Os problemas se apoiam na mente e são gerados pela própria mente. Alegria e tristeza, prazer e dor, triunfo e fracasso, bem e mal, ganho e perda constituem o batalhar dos opostos, no qual se radica o EU PSICOLÓGICO. Devemos nos libertar da tirania dos opostos. Mas… como?

PROCURANDO VIVER DE INSTANTE EM INSTANTE sem abstrações de nenhuma espécie, sem devaneios ou fantasias.

Joshu perguntou ao mestre Nansen:

Que é o Tao?

– A vida comum, replicou Nansen.

– Como se faz para viver de acordo com ela?

– Se tratas de viver de acordo com ela, fugirá de ti, não busques cantar esta canção, deixe que ela mesma se cante. Acaso o soluço não ocorre por si mesmo?

Reflita, querido leitor, sobre isto. Lute para liberar-se do batalhar dos opostos. Ação sem distração, sem escapatórias, sem fantasias, sem abstrações de nenhuma espécie.

Para que pensar em outras coisas enquanto estamos comendo ou vestindo-nos? Dizia um sábio mestre oriental: Se estás comendo, coma; se estás vestindo-te, vista-te; se estas andando, ande, ande, ande… mas não penses em outra coisa. Faça unicamente o que estiver fazendo, não fuja dos fatos, não os encha de tantos significados, símbolos, sermões, conclusões, advertências. Viva-os sem alegorias, viva-os com a mente receptiva de momento a momento. Mude o seu caráter através da ação inteligente, livre do batalhar dos opostos. Quando se fecham as portas da fantasia ocorre o despertar e o florescer da INTUIÇÃO. A ação livre do batalhar das antíteses, do raciocínio extenuante, é a AÇÃO INTUITIVA, PLENA, onde o EU PSICOLÓGICO está ausente.

A ação intuitiva nos conduz, pela mão, até o despertar da consciência. Trabalhemos conscientes em todo momento de nossa vida. Esgotemos a água maculada do pensamento habitual, porque no VAZIO flui a sabedoria, a autêntica GNOSIS, o conhecimento salvador, e com ele a radiante alegria de viver. Quando a força da vida desliza sem obstáculos, o poder do SER satura a mente e deixamos de sonhar. Então, no mundo físico ou fora dele (durante o sono do corpo material), vivemos totalmente conscientes e iluminados, desfrutando do prazer inesgotável da vida nos Mundos Superiores.

A ATENÇÃO DIRIGIDA E CONTÍNUA sobre os atos que estamos realizando é a disciplina fundamental para o despertar e o florescer da consciência. Se estamos comendo e nossos pensamentos se encontram nos negócios, é óbvio que estamos sonhando. Se dirigimos o carro pensando nas contas a pagar, é claro que estamos adormecidos psicologicamente. Se estamos trabalhando e recordamos a este ou àquele fato, inequivocamente, NÃO estamos despertos. Vivemos no mundo físico sonhando, consequentemente transportamos os sonhos para os Mundos Superiores, enquanto nosso corpo físico jaz no leito, adormecido. Com a auto-disciplina mental estaremos trabalhando para o despertar dos potenciais latentes dentro de nós mesmos, AQUI E AGORA.

 

Veja o vídeo

Extrato da lição 18 do Curso Saber é Poder. Mais info, clique aqui.

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